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Sou um Jovem seguidor de Dom Bosco “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta... Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo." Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Mensagem do Reitor-Mor aos Jovens

“QUEREMOS VER JESUS”
Mensagem do Reitor-Mor
ao Movimento Juvenil Salesiano
(Articulação da Juventude Salesiana)
No centenário da morte do padre Miguel Rua
Roma, 31 de janeiro de 2010

Caríssimos Jovens,
aqui estou, fiel ao nosso encontro, por ocasião da festa de Dom Bosco, "pai e amigo dos jovens". O nosso encontro deste ano, que lamento seja apenas virtual, embora não menos verdadeiro e autêntico, coincide com o início do centenário da morte do padre Rua, primeiro sucessor de Dom Bosco e, sem dúvida, o seu discípulo mais fiel e mais bem sucedido.
Esta é, de fato, uma das principais motivações para a escolha do tema da Estreia, oferecida a toda a Família Salesiana para 2010: "À imitação do Padre Rua, como discípulos autênticos e apóstolos apaixonados, levemos o Evangelho aos jovens".
Pois bem, quero ser o primeiro a acolher o programa espiritual e pastoral da Estreia e, por meio desta mensagem, à maneira de diálogo entre nós, oferecer-lhes o evangelho com o desejo de fazê-los ver Jesus, para que também vocês possam ser seus discípulos, testemunhas e apóstolos.
Quando nos encontramos, percebo, com frequência, o grande desejo que vocês têm de encontrar o Senhor. Talvez não consigam exprimir esse desejo com clareza, mas, em todo caso, percebo esse mais profundo anseio, que mora no coração de vocês. Tomo-os, então, pela mão e levo-os ao meu Mestre, ao meu Senhor e meu Deus.

"Padre Pascual, queremos ver Jesus!"
Se o querem, realmente, devem ter bons pés e ouvidos atentos. Porque Jesus caminha. E nunca se detém! Para encontrá-lo, devem ouvir o canto dos grãos de areia levantados pelos seus pés. Tudo se torna novo à sua mensagem, e a sua passagem não tem fim.
Ele está sempre um passo à frente, e a sua palavra é como ele: está sempre em movimento, ilimitado no ato de dar tudo, de dar a conhecer tudo de si mesmo. Passaram-se dois mil anos, mas parece que faz pouco tempo que ele passou. A história ainda estremece pela sua passagem, como depois da explosão de uma bomba. E o mundo não é mais o de antes. Ninguém jamais falou de Deus como este homem, ninguém nos amou como ele, ninguém se entregou totalmente como ele, até aniquilar-se. Ninguém como ele deu ordens ao vento e ao mar, aos espíritos maus que atormentam e destroem no homem a melhor parte da sua humanidade; ninguém como ele derrotou a morte e venceu o pecado. Ele é diferente de todos os outros.
Por isso, muitos o odeiam como são odiados os que não se acomodam ao pensamento dominante.
"Eu não tenho onde dormir quando desce a noite. Não tenho um esconderijo se alguém me persegue. As raposas têm suas tocas, os pássaros, o seu ninho; eu vivo sem proteção, entre perigos e ameaças. Quem anseia caminhar segundo os métodos usuais, não encontra em mim o que procura".
Àqueles a quem encontra, ele diz: "Chegou a hora de mudar!".
"Deus está aqui entre vocês, e nada e ninguém mais poderá detê-lo".

"Ele é aquele a quem procuramos. Vá, leve-lhe o nosso pedido"
Não é preciso. Ele sabe o que vocês querem. Às margens do lago, o povo o rodeia e lhe pergunta: "Qual é a sua mensagem?". Jesus contempla os pescadores que estão a lançar suas redes. A resposta é muito diferente de quanto poderíamos esperar. Não faz um comício nem uma conferência, mas diz: "Venham! Por que continuam a pescar? Salvem aqueles que estão a se afogar, homens e mulheres, com a água no pescoço! Preciso de vocês! Quero fazer de vocês, pescadores de homens".
Deixam as redes, a barca, os pais, mulheres e filhos. Vão com ele. "Querem saber realmente quem sou eu? Caminhem comigo e terão a resposta!" diz Jesus. É preciso coragem para remar contra a corrente. É desagradável deixar a tranquilidade preguiçosa dos dias sempre iguais e iniciar uma nova caminhada.
Certo dia, um jovem como vocês vai à procura de Jesus e pergunta-lhe: "Mestre, o que devo fazer para ser como Deus me quer? Conte-me o segredo da felicidade!".
Jesus responde: "Você conhece os mandamentos de Deus: Não matar. Não cometer adultério. Não roubar. Não jurar em falso. Honre seu pai e sua mãe".
"Mestre – replicou o jovem – tudo isso eu tenho respeitado rigorosamente desde a minha mais tenra infância". Jesus olha-o com amor e diz: "Só lhe falta uma coisa para chegar à meta: vá até sua casa, venda todos os seus bens e dê o que lucrar aos pobres. Depois, venha e siga-me". O jovem, porém, ficou triste e foi embora.
Seguir Jesus não significa tomar "uma" decisão. Significa tomar "a" decisão. Significa arriscar tudo tendo apenas uma cartada em vista. Significa assumir como própria a decisão tomada por ele a nosso respeito: "Garanto-lhes que não há amor maior do que este: dar a vida pelos amigos".
E para deixar tudo muito claro, tudo muito concreto, Jesus dá sua explicação com duas parábolas: "O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem encontra-o e esconde-o; vai depois, cheio de alegria, vende todos os seus bens e compra aquele campo. O reino dos céus é também semelhante a um mercador que procura pérolas preciosas; quando encontra uma pérola de grande valor, vai, vende todos os seus bens e a compra".
Jesus chega ao paradoxo: em outra parábola, ele elogia um administrador infiel e desonesto, culpado de falsidade em ato público, fraude, apropriação indébita e corrupção. Só para fazer notar que aquele homem é previdente: esforça-se para garantir o próprio futuro. É desonesto, mas segue com coerência uma linha muito reta: mira sem escrúpulos ao próprio proveito.
Caros jovens, Amigos meus e de Dom Bosco, vocês não podem viver sem saber o que realmente tem valor, sem saber qual é o sentido da vida. Porque a vida é tudo o que vocês têm.
A única cartada segura que vocês podem ter em vista, arriscando tudo, é justamente Ele, Jesus.

"Padre Pascual, o Reino de Deus não é para nós. É algo muito elevado e difícil"
Se Jesus o ama e o chama, você pode levantar-se, pode caminhar! Pode mudar de direção, iniciar um novo caminho. Basta saber que é amado por Ele, sentir-se amado e querer ser amado. Basta mudar os seus hábitos, repensar as suas convicções. Assim fizeram os primeiros discípulos: chamados um a um pelo nome, eles o seguiram sem demora.
Há na vida de todo homem um dia, uma hora que deixa uma lembrança inesquecível. É o momento em que acontece alguma coisa de novo, é o momento em que a vida muda radicalmente. "Era por volta das quatro horas da tarde", recorda João, quando encontraram Jesus.
Deus – e a Escritura nos dá muitos testemunhos disso – faz suas escolhas sem olhar para bens, dotes ou qualidade pessoais; antes, paradoxalmente, ele escolhe muitas vezes os mais fracos, os pobres, os ignorantes do mundo. Às vezes, ele chama de modo impetuoso, quase violento: é o caso de Paulo, lançado à terra na estrada de Damasco. Com frequência, porém, ele o faz de forma simples e persuasiva.
Na maioria das vezes, quando Deus quer chamar alguém, ele se serve da mediação humana: o Batista para André e João, André para o seu irmão Simão, Filipe para Natanael. Foi assim naquele tempo...! E hoje? Hoje, ele se serve de mim para chamar Você! Convido-o, pois, a conhecê-lo!
É verdade: não foi fácil para os discípulos entender a "lógica" do Mestre, mas afinal tomaram consciência de que fora dele não haveriam de encontrar palavras capazes de iluminá-los e dar forças para chegarem à plenitude de vida que Jesus lhes indicara.
E não só eles. Zaqueu, um publicano, isto é, coletor de impostos, era um exator que recebia as taxas para os romanos. Aos olhos do povo, um "colaboracionista", um traidor, desprezado e odiado pelos judeus "verdadeiros". Pois bem, esse Zaqueu, traidor e desonesto, ouve dizer que Jesus está a entrar em Jericó. Tinha ouvido falar desse homem. Sente em seu interior uma forte atração: gostaria de conhecer ou, ao menos, ver Jesus. Deixa a banca dos impostos e corre para onde a multidão se aglomera ao redor do Mestre. Há muita gente e ele, pequeno de estatura, mesmo saltando, não consegue ver realmente nada. Corre, então, mais à frente e sobe numa árvore. O rico, poderoso e certamente odiado Zaqueu, vai empoleirar-se entre os ramos de um sicômoro. Seu grande desejo fez com que deixasse a dignidade de lado e se tornasse ridículo aos olhos do povo. Todos riem dele; também Jesus deve ter sorrido, mas depois, perscrutando a fundo o seu coração, diz-lhe: "Zaqueu, desça daí, porque hoje devo ficar em sua casa". Zaqueu desce e corre para casa.
As autoridades religiosas de Jericó e os judeus tradicionalistas ficam aborrecidos, furiosos e ofendidos. Todos murmuram e dizem: "Foi à casa de um pecador!". Estão chocados e têm a impressão de nada entender. O mundo está revirado: o Messias na casa de pecadores!
Jesus, porém, sempre age assim. Revira o nosso mundo egoísta e hipócrita, embaralha tudo e não se importa com a ordem constituída. Revolve os valores estabelecidos, para pôr em seu lugar uma ordem social inteiramente nova.
Jesus está na casa de Zaqueu e não lhe pede para deixar a mulher, ou vender a casa, ou distribuir os bens aos pobres e segui-lo. Só diz: "Hoje devo ficar com você".
Os chamados de Jesus são de dois tipos. Ao jovem rico, ele diz: "Volte à sua casa, venda todos os seus bens e siga-me. Não leve bagagem, ela de nada lhe servirá, eu pensarei em você. Eu serei o seu Bem". A Zaqueu, porém, diz: "Hoje devo ficar com você". Este chamado não é mais fácil do que o primeiro. De fato, transforma todo o modo de ser e viver de Zaqueu.
Quando Jesus diz querer viver conosco, e nós o recebemos em nossa casa, então muitas coisas mudam em nós e o nosso modo de viver se revoluciona. Quando acolhemos Jesus em nossa vida, Ele nos livra de tudo que não seja Deus.
Só uma coisa importa: acolhê-lo! Por isso, é preciso estar preparado e vigilante: no momento em que recebe o seu chamado, você tem a possibilidade de ser uma pessoa livre, capaz de dispor de si mesmo para pôr a sua vida a serviço dele e dos outros.

"Acredita mesmo que Deus precisa de nós?"
Inicialmente, Jesus quis alguns homens ao seu redor: doze amigos, uma comunidade, um povo. Depois, faz muito mais: apresenta-se a si mesmo e a Igreja como uma videira: "Eu sou a videira verdadeira. Permaneçam unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês. Como o ramo não pode dar fruto sozinho, separado da videira, vocês também não podem dar fruto se não permanecerem unidos a mim. Eu sou a videira. Vocês são os ramos. Se alguém permanece unido a mim e eu a ele, produz muito fruto; sem mim, vocês nada podem fazer".
Nele e em seus amigos corre o mesmo sangue. "Eu e vocês somos uma coisa só", afirma. "Este é o sinal para nos reconhecermos: chama-se Eucaristia. Somos o mesmo corpo. Em nós corre o mesmo sangue. Ora, vocês são as minhas mãos, os meus pés e o meu coração".
Depois de o terem crucificado, seus inimigos pensavam: nós o eliminamos! Pusemos, de uma vez por todas, uma pedra sobre Jesus de Nazaré. Entretanto, não se pode impedir de o sol nascer. Não é possível impedir de ser Vida aquele que é a fonte da Vida. Nada é mais vivo do que Deus. E naquela última noite, na Eucaristia, Jesus diz: "Agora, vocês e eu somos uma coisa só!" Jesus está vivo em nós!
Caros Jovens, vocês poderão ser gênios, organizadores, inventores, gente famosa, homens e mulheres de sucesso... Tudo isso, porém, não é nada diante da possibilidade de ser um instrumento nas mãos de Deus.
Vocês não podem ter uma vida estéril, que envelhece um pouco a cada dia. Mas podem encher-se de frutos. É a responsabilidade de vocês: "Meu Pai é o agricultor – explica Jesus – Todo ramo que está em mim e não dá fruto, ele o corta e joga fora, e os ramos que dão fruto, ele limpa de tudo que possa impedir de dar frutos abundantes. Vocês já estão livres graças à Palavra que lhes anunciei".
Vocês podem ser a boca pela qual Deus continua a falar aos seres humanos, instrumentos para anunciar a verdadeira liberdade. Podem ser os olhos que sabem ver na escuridão do mundo para depois indicar aos outros a presença de Deus e o seu Reino. Podem ser os ouvidos que, entre os rumores e as músicas dos iPod, conseguem ouvir o que não parece mais audível: a voz de quem chora, de quem pede ajuda, de quem implora por respeito e dignidade, de quem pede justiça e pão. Podem ser as mãos e os pés que vão ao encontro das pessoas para aliviá-las e pô-las novamente em pé no nome de Jesus. Vocês descobrirão, então, que receberam muito mais de quanto conseguiram dar.
Esse é o segredo da felicidade. "A felicidade está do outro lado, do lado que vocês nem sequer imaginam, diz Jesus. A felicidade só se constroi com Deus".
Isso já fora anunciado por uma jovem judia de Nazaré, a sua mãe, antes que ele nascesse: "Cantarei a mais bela canção para o meu Deus, porque Ele é poderoso. Fez em mim coisas grandiosas, o seu nome é santo. Sua misericórdia permanece para sempre com aqueles que o servem. Ele comprovou o seu poder, destruiu os soberbos com seus projetos. Derrubou os poderosos do trono, elevou os oprimidos da terra. Encheu de bens os pobres, mandou embora os ricos, com as mãos vazias".
Deus está do lado dos vencidos, dos pobres, dos atormentados, dos puros e dos pacíficos. "Os pobres são felizes, alegres, bem-aventurados, em paz, em harmonia consigo mesmos, com o mundo e com Deus, porque têm as mãos e o coração abertos para acolherem os dons de Deus e têm confiança na sua força. Bem-aventurados aqueles que têm o coração puro, que não conhecem o egoísmo, que não giram ao redor de si mesmos, mas olham para Deus. Bem-aventurados aqueles que constroem a paz e lutam pela justiça".
"Vocês são o sal da terra e podem impedir, então, que o mundo se corrompa. Vocês devem ser tochas acesas porque ainda há muita escuridão no mundo. Não lhes é pedido para só levarem uma lâmpada. Vocês devem ser a luz! Vocês devem ser o fogo e, para iluminar, devem consumir-se a si mesmos, como um tronco que arde".
Bem-aventurados são vocês se decidirem caminhar com Jesus, se aceitarem o risco de transformar em luz os próprios sonhos; mas serão felizes, sobretudo, se permanecerem nele e não simplesmente com Ele. Livres para produzir frutos, isto é, obras visíveis de amor concreto, feito de verdade, dedicação, sacrifício total da vida, se for necessário.
Na última noite, Jesus levantou-se, tirou o manto e amarrou uma toalha à cintura. Depois, derramou água numa bacia e pôs-se a lavar os pés aos discípulos e enxugá-los com a toalha. Como faziam os escravos. Logo em seguida disse: "Aquilo que eu fiz, façam vocês também uns aos outros".
Formem um povo de pessoas que se amam, para que, vendo-os, os outros comecem a crer em Deus.
Nós somos um povo novo. Nós somos a Família de Deus, nós somos a verdadeira videira tratada com amor pelo Pai. Recebemos a linfa do Espírito de Jesus e somos os ramos que produzem fruto... Nós nos chamamos Bento de Nórcia, Francisco de Assis, Domingos de Gusmão, Inácio de Loiola, Teresa de Jesus, Francisco de Sales, Dom Bosco, Madre Mazzarello, Padre Rua, Domingos Sávio, Laura Vicuña, Dom Versiglia, Calisto Caravário, José Calasanz, José Kowalski, Zeferino Namuncurá, Jovens Mártires do Oratório de Poznań, Piergiorgio Frassati, Madre Teresa de Calcutá, Damião de Veuster, José Quadrio, Nino Baglieri... Nós… somos muitos. Uma Família que acolhe todos os dias a Palavra. Uma videira que oferece todos os dias os frutos do espírito.
Caminhem, então, de cabeça erguida. Vocês têm a vida nas mãos. Vocês têm plena consciência de vocês mesmos. Fiquem em pé, mesmo sozinhos, mesmo diante de uma multidão. Abaixem-se apenas perante Deus e para levantar aqueles que caíram. Amem a Deus de todo o coração e as pessoas que vivem junto de vocês como a si mesmos.
Jesus conclui o discurso na montanha com estas palavras. "Quem põe em prática o que eu digo é uma pessoa prudente: construiu sua casa sobre a rocha. Quando veio um furacão e os rios transbordaram e a tempestade abateu-se sobre a casa, ela permaneceu intacta, pois suas fundações foram feitas na rocha".
"Quem, porém, ouve as minhas palavras e não as põe em prática, é um tolo como aquele que construiu sua casa na areia. Quando veio a chuva e os rios transbordaram e a tempestade enfureceu-se sobre a casa, ela se partiu e acabou em pedaços".
Preocupem-se com vocês mesmos: construam a própria vida sobre a rocha, caso contrário, acabarão aos pedaços.

"Padre Pascual, Jesus pretende isso tudo de nós?"
Servir a Deus é muito simples. Deus não é um tirano. Deus fala com vocês como pai e amigo.
"Não foram vocês que me escolheram por amigo; fui eu que os escolhi e os fiz meus amigos. Assim, o trabalho de vocês crescerá e produzirá frutos que haverão de durar para a eternidade. Se seguirem o caminho indicado por mim – diz Jesus – vocês verão que é belo pertencer a Deus e o fardo que a fé lhes pede para carregar não é pesado".
É preciso retomar o fôlego, levantar-se, sentir-se gente livre. A minha mensagem é um convite à festa. A vida de vocês é feita para a festa, e todos nós estamos caminhando para uma festa. O futuro é uma mesa cheia de alegria entre amigos, e Deus fará a festa conosco.
Jesus diz que a sua palavra é semeada dentro de vocês, como num campo, mas o coração humano é um terreno árido e complicado, marcado pela dureza e sufocado por matagais cheios de espinho.
Contudo, o campo são vocês. Se começarem a dar ouvidos à Palavra, poderão encontrar algo de precioso.
Poderão encontrar, antes de tudo, a vocês mesmos. E encontrarão a Deus dentro de vocês. "Não tenham medo, contudo nada poderão fazer sem ele. E ele precisa de vocês".
Ele nos conhece muito bem, precisamente como somos. Conhece o mundo singular de trevas e de luz que vive dentro de nós. Conhece melhor do que nós a misteriosa mistura de que somos feitos.
Ele sabe do que somos capazes. Os outros podem se desiludir, porque tiveram sonhos a nosso respeito e nos projetam em seu ideal. Deus, porém, jamais se desilude. Porque eu sou aquele a quem Ele ama, como sou hoje...!
Deus não vive no futuro, nem no passado, mas no presente. Ele é o presente e me vê na minha realidade atual.
Também os amigos de Jesus pensavam que fosse preciso ser grandes e poderosos para construir o Reino de Deus; ele, entretanto, disse: "Para serem úteis a Deus, vocês devem ser pequenos, como uma criança".
A criança é um ser que ainda tem o próprio futuro diante de si. A criança é feita de sonhos e de confiança.
Caminhem íntegros, de cabeça erguida. Vocês têm um futuro à frente e vale a pena ir ao encontro dele. As crianças são frágeis: o que mais lhes falta é, sobretudo, a força. Entretanto, elas têm confiança. E quando tudo vai bem, sabem que são amadas.
Vocês têm diante de si o futuro. Vocês têm uma palavra a dizer em suas vidas e com as suas vidas. Uma palavra de consolação, uma palavra libertadora, uma palavra de esperança, aberta ao futuro. Tenham a coragem de pronunciá-la. Tenham a coragem de ser o que são e sejam-no integralmente: pessoas autênticas, livres, com uma vocação.
Não tenham medo! Vamos com coragem para a outra margem.
O oceano de perigos e ameaças é realmente muito grande e a nossa barca é pequena e frágil. Em nossa barca, porém, levamos Jesus, o Filho de Deus. Quem nos pode causar medo?
Caros jovens, eu lhes quero bem e ouço o pedido de fazê-los conhecer a Jesus. Eu os fiz vê-lo e os levei até ele. Desejo agora que possam confessar como os discípulos do Batista: "Nós encontramos o Cristo", e esforcem-se para levar outros até Jesus.
Concluo deixando-os com uma oração do Cardeal Newman. Apropriem-se dela e traduzam-na em programa de vida.
NAS TUAS MÃOS
Coloco-me, Senhor, em tuas mãos, inteiramente.
Tu me criaste para ti.
Já não quero pensar em mim,
mas só em seguir-te.
O que queres que eu faça?
Permite-me caminhar contigo,
acompanhar-te sempre,
na alegria e na dor.
Entrego-te desejos, prazeres,
fragilidades, projetos, pensamentos
que me retêm longe de ti
e me dobram continuamente sobre mim.
Faz de mim o que quiseres!
Não discuto o preço.
Não procuro saber antecipadamente
os teus planos sobre mim,
quero o que tu queres para mim.
Não digo: "Eu te seguirei aonde quer que vás!",
porque sou frágil.
Entrego-me a ti, porém, para que tu me conduzas.
Quero seguir-te na escuridão,
só te peço a força necessária.
Senhor, faz com que leve tudo para diante de ti,
e busque o que te agrada
em todas as minhas decisões
e a tua bênção sobre todas as minhas ações.
Assim como a meridiana só indica as horas
com o sol,
assim também eu quero ser orientado por ti:
tu queres guiar-me e servir-te de mim.
Assim seja, Senhor Jesus!
(card. J. H. Newman )
Com afeto e grande estima.
Roma, 31 de janeiro de 2010.
P. Pascual Chávez V., SDB
Reitor-Mor

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